Liberdade de expressão e discurso de ódio

Autor: Bruno Frutuoso Costa
Data de Lançamento: 2021
Páginas: 316
ISBN: 978-989-729-231-6


25,00  IVA incl.

Se, por um lado, as plataformas digitais incorporam um papel de extrema importância no acesso à informação e a formas de comunicação e de expressão, por outro, permitem incorporar e desenvolver formas de proliferar condutas violentas. Sendo as vítimas maioritariamente mulheres, jovens adolescentes e minorias étnicas, perpetua-se um ciclo de violência sobre o universo feminino, que impede o alcance da justiça e da igualdade de género.

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Descrição

Este estudo investiga a natureza, a frequência e o impacto das violências presenciais e digitais que se dirigem às jornalistas portuguesas, mapeando experiências pessoais e profissionais, perceções e consequências para o campo jornalístico. As singularidades e os impactos perversos patenteados em estudos internacionais tornam premente privilegiar este ângulo de abordagem que urge conhecimento científico, principalmente por se tratar de uma temática emergente e pouco estudada em Portugal. A indagação não se direciona para a quantificação ou mensuração dos dados ao considerar a violência sobre as jornalistas portuguesas como um todo estanque, mas para a exploração e a divulgação de bases sólidas referentes à problemática social, com a finalidade de serem impulsionadas respostas institucionais e promovidas mudanças sociais igualitárias. Ao privilegiar-se uma pesquisa metodológica qualitativa, realizaram-se 31 entrevistas semiestruturadas em profundidade com jornalistas dos principais media do ecossistema mediático português.

Posteriormente, a estratégia metodológica articula a análise temática crítica com a perspetiva feminista. A violência perpetrada em redor do jornalismo português e dos seus intervenientes é uma realidade com contornos expressivos e assentam em práticas híbridas entre meios e suportes. Todas as entrevistadas experienciaram alguma forma de agressão ou estiveram na presença de ambientes hostis. Quando as jornalistas se encontram em climas de grande insegurança, coação e medo, surgem as consequências mais danosas para o exercício da atividade jornalística, tais como a autocensura e a indisponibilidade para determinados temas e secções jornalísticas. Apesar de residuais no panorama português, duas entrevistadas foram alvo de tentativas de homicídio e cinco de agressões físicas. Sendo o discurso de ódio e as diversas formas de violência o rosto dos novos mecanismos censurantes da era digital, as dimensões internas e externas à atividade jornalística culminam em várias interrogações inquietantes.