JANUS 2015/2016 – Integração Regional e Multilateralismo

Autor: Luís Moita
Data de Lançamento: 17-11-2015
Páginas: 499


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Descrição

Neste número, abordamos antes de mais a conjuntura internacional. Não sendo o anuário JANUS uma publicação de actualidade, de notícias do dia-a-dia, os artigos que editamos têm vocação de analisar sobretudo as estruturas, as constantes, as interpretações dos processos. Facilmente, por isso, estão sujeitos a certas desactualizações, até porque vai significativa distância entre o momento em que os textos são escritos e o momento em que são lidos. Por outro lado, a densidade da vida internacional e a dispersão dos processos obrigam a seleccionar alguns temas, à custa de deixar outros na sombra. Isto mesmo se sentirá ao lermos o capítulo sobre a conjuntura internacional, com as suas inevitáveis lacunas e as prováveis necessidades de actualizações factuais.

O caso da crise europeia nas suas várias dimensões é um bom exemplo dos limites deste anuário. É um tema de tanta acuidade, de impactos tão fortes no espaço europeu e muito para além dele, que mereceria ser aqui desenvolvido. Mas já dedicámos a ele o JANUS 2013 (“As incertezas da Europa”) e optámos por não o elaborar de novo em pormenor, focando o nosso olhar noutros pontos onde também se faz sentir a turbulência internacional, desde o Médio Oriente ao Mar da China.

No segundo capítulo a nossa observação espalha-se pelas variadíssimas geografias dos nacionalismos, em si mesmos considerados através de alguns casos exemplares, mas também naquelas situações onde o sentido identitário das comunidades provoca intenções separatistas. Alguns desses casos estão próximos de nós, como o da Escócia ou da Catalunha ou mesmo o do Chipre; outros são mais distantes e certamente mais difíceis de analisar como os que ocorrem na África e na Ásia; outros ainda assumem aos nossos olhos um carácter delirante, como o da Padânia no norte de Itália. Seja como for, essa mesma variedade de situações comprova que a globalização, mesmo generalizando-se, aparentemente é compatível e porventura até mesmo provoca os processos de fragmentação. Um mundo mais unificado não é necessariamente um mundo mais uniformizado, o que representa seguramente uma vantagem, já que o respeito pelas identidades e o direito das minorias são pontos obrigatórios da nossa convivência comum.

Todavia, se assistimos a segregações e a separações, talvez mais ainda a cena internacional assista a processos de fusão, de agregação, de integração. O fenómeno da multiplicação de organismos de cooperação interestatal teve momentos altos em décadas anteriores, mas continua a ser uma característica do sistema mundial dos nossos dias. Uma das grandes mutações desse sistema no último meio século foi justamente a da emergência do multilateralismo, pela criação de organismos ora globais ora de escala regional, que constituem a estrutura basilar, as verdadeiras artérias, da chamada comunidade internacional. Se isso é visível nos campos da política e da segurança, mais visibilidade adquire no terreno económico, na medida em que se diria que o sistema económico dos nossos tempos tende a ultrapassar as fronteiras dos Estados nacionais e a consolidar-se em espaços mais vastos. Daí a multiplicidade das estruturas de integração económica regional, como novos territórios de uma também nova geografia – a da geopolítica e a da geoeconomia. O último capítulo deste anuário, ao tratar os fenómenos da integração regional e do multilateralismo, procura dar conta desta dinâmica de cooperação entre países, nas suas ambiguidades também nas suas capacidades.